Machado de Assis descobriu um “nicho de mercado” Publicava contos que eram verdadeiros “casos clínicos” Machado fazia da revista Jornal das Famílias o divã do psicanalista. “Perto da Rua da Quitanda, entre a livraria Garnier e o escritório do Jornal do Commercio, três moços elegantemente vestidos trocavam algumas últimas palavras” “No dia seguinte acordamos tarde e almoçamos alegremente. Ao sair, disse-me o Vaz: - Por que não escreves o teu sonho para o Jornal das Famílias?, - Homem, talvez. - Pois escreve, que eu o mando ao Garnier” (Camilo da Anunciação) No Jornal das Famílias Camilo (Machado) publicava notícias indiretas assaz explícitas. É como se as conversas fossem gravadas no divã, trocadas de nome, publicadas, que era o que o médico Arthur Schnitzler fazia, quando publicou “De olhos bem fechados” filme de Stanley Kubrick. Freud: -O Arthur, você escuta seus pacientes e escreve casos clínicos, né, seu sem vergonha! Machado iniciou a literatura do caso clínico, ele fazia passar pelo verso, como o João das Mercês, talvez filho de alguma daquelas mulheres "esse sujeito que não dá certo nunca" Machado descobriu um jeito de fazer uma literatura freudiana antes de Freud, porque é muito confessional, fala do sofrimento humano. Compreende-se um pouco melhor então o que dizem ser ‘pessimismo’, ou ‘ceticismo’, ou problema do negro, escravo, racismo... Freud pretendeu ser o Rei dos Caiporas, mas Machado já tinha sido esse Rei. Machado publicava aquilo que era comentado na cidade, coisas que mais ou menos já sabiam, mas ainda não estava escrito, então, consequentemente, ‘não sabiam’!! Todo mundo sabia que a pedra caía mas faltava Newton prublicar a lei. Depois que publica o que já sabem, passa pela Porta da Lei, e se torna mais um escrito. E todos querem ler. -Já leu o novo conto do Machado? -Ainda não. Ele fala o que? Ele fala o que? -Menina, falou sobre das confissões da jovem viúva, aquela que foi para Petrópolis, que o marido dela… e que ela… num teatro… e o próprio marido levava o rival… -Ai não conta tudo, não conta tudo, estou curiosa, quero ler, deixa eu ir ali na livraria Garnier comprar uma revista.
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