O músico paulista Leandro Bomfim dirige em Lisboa o grupo vocal Coralzim, uma homenagem ao mineiro, que, na opinião dele, é o “migrante símbolo”, o escritor Guimarães Rosa. Coralzim também sugere uma conexão com a música ‘Passarim’, um dos clássicos de Tom Jobim. Formado em Música pela Universidade de Campinas (Unicamp), Bomfim já soma 30 anos de trabalhos como professor de música, produtor, compositor e intérprete. Criou bandas, gravou quatro álbuns e já experimentou outras capitais europeias como Paris e Madri. Em 2014, decidiu se radicar na capital portuguesa. Este ano, quando procurava um espaço para desenvolver o projeto de canto coletivo, ele foi à Casa do Brasil de Lisboa, que acolheu a ideia, inclusive, como instrumento de integração da comunidade imigrante. O Coralzim foi acolhido “como um projeto institucional encampado pela Casa”, diz Bomfim. Projeto novo A Casa do Brasil de Lisboa é uma associação sem fins lucrativos que trabalha para promover a integração dos imigrantes que chegam a Portugal. Uma vez que o Coralzim é um projeto novo, com cerca de dois meses, apenas, a Casa ainda não tem fundos europeus para financiá-lo. Então, quem participa paga uma mensalidade de € 40, o equivalente a R$ 180. O grupo vocal é aberto a jovens e adultos de qualquer nacionalidade e não exige formação musical prévia. As aulas semanais de duas horas incluem formação adequada ao canto coletivo, como musicalização, técnica vocal, além de atividades que envolvem aspectos cênicos, criatividade e música improvisada. Atualmente, o grupo é formado por sete brasileiros e duas portuguesas. Uma delas é Ana Rita Alho, que é vice-presidente e coordenadora de projetos da Casa do Brasil. “Eu sempre gostei de cantar em casa, e sempre gostei muito de música brasileira. Este projeto veio mesmo a calhar porque consigo ter um lugar, com a minha boa voz ou não”, salienta. A gaúcha Jaçanã Machado, que trabalha como gestora de projetos na área de informática, conta que encontrou no Coralzim o que procurava – um grupo com o qual ela pudesse aprender a partir das noções básicas de música. “Porque eu tô [sic] a partir do zero. Ou seja, eu tô [sic] realmente a aprender tudo a respeito de cantar em grupo. É um desafio muito bom”, diz com entusiasmo. Cancioneiro popular brasileiro O repertório do Coralzim é composto por temas do cancioneiro popular brasileiro. “Jobim é o nosso patrono oficioso”, ressalta Bomfim, que cita Luiz Gonzaga, Almir Sater, Kleiton & Kledir, Chico Buarque, Adoniran Barbosa e outros autores clássicos. Ele explica que o grupo vocal precisa representar o Brasil com esse repertório e, a partir dele, também descobrir o que há de vontade de inovar enquanto linguagem também. Por fim, ao falar da importância do Coralzim como projeto capaz de fazer com que pessoas se juntem, se encontrem presencialmente, o paulista reflete: “Acho que ainda está longe de a gente fazer um grupo vocal pela internet, cada um no seu quarto. Para fazer um grupo vocal a gente tem mesmo de se encontrar.” Felizmente.
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